2 anos atrás

Após uma ‘tempestade perfeita’ no ano passado, a Hidrovias do Brasil tem como principal objetivo em 2022 voltar à normalidade, reduzir sua alavancagem e provar ao mercado que os abalos sofridos ficaram para trás.

Em 2021, a empresa acumulou problemas: houve a quebra de safra de milho, que reduziu os volumes no Arco Norte; e a crise hídrica, que chegou a interromper a navegação na hidrovia Paraná-Paraguai. Do lado financeiro, a alta do dólar pressionou o endividamento do grupo. A companhia encerrou o ano com uma alavancagem de 6,5 vezes da dívida líquida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado.

Neste ano, a previsão é que esses efeitos não se repitam – o que já deverá aparecer nos resultados do primeiro trimestre, segundo o presidente, Fabio Schettino. Para a safra de grãos, a previsão é que os volumes voltem a crescer. Em relação à questão hídrica, ele diz que a situação já melhorou e que a seca não deverá se repetir.

“Estamos em recuperação, a situação ainda não é absolutamente normal, mas é bem melhor. Estamos navegando com os 15 comboios. Ano passado, em agosto, setembro, paramos de navegar. Hoje, já podemos afirmar que isso não vai se repetir no segundo semestre, porque o Pantanal está cheio, muito acima do que estava nesta época em 2021.”

Questionado sobre os efeitos do desmatamento e das mudanças climáticas na operação, ele afirma que companhia contratou um estudo para avaliar os impactos de longo prazo. “Me preocupam menos os efeitos de curto prazo e mais os futuros, não só para a Hidrovias do Brasil, mas para toda a navegação, a agricultura. É uma preocupação da humanidade. Agora, não se mudam padrões climáticos da noite para o dia, principalmente em bacias hidrográficas de grande magnitude, em que operamos”, diz.

Com a expectativa de elevação do Ebitda e de queda no dólar, a previsão é reduzir a alavancagem para cerca de 4,5 vezes ao fim deste ano – patamar semelhante ao registrado no fim de 2020.

O executivo diz que o endividamento não preocupa, porque o grosso dos vencimentos será apenas em 2031. O grupo encerrou 2021 com dívida líquida de R$ 4,6 bilhões. No ano, o Ebitda foi de R$ 427,6 milhões, e o Ebitda ajustado (por itens não-recorrentes e contabilidade de hedge) ficou em R$ 630,2 milhões.

Enquanto o balanço segue pressionado, a companhia irá focar seus investimentos em ações que tragam retorno rápido. Entre elas, está a aquisição de dois empurradores, que deverão ampliar a capacidade da empresa no Arco Norte dos atuais 7 milhões para cerca de 8 milhões de toneladas, a partir do ano que vem.

Além disso, o grupo planeja iniciar, em agosto, a operação do terminal de fertilizantes e sal no Porto de Santos. A capacidade do terminal chegará a 2,5 milhões de toneladas – patamar que deverá ser atingido em 18 a 24 meses de operação.

Os próximos passos para a expansão da companhia ainda estão sendo discutidos. A ideia é aprovar um novo plano até julho. O grupo prevê chegar a Ebitda de R$ 1,35 bilhão a R$ 1,5 bilhão em 2025. Schettino diz que a projeção está mantida, e que a questão é como chegar lá.

Um dos focos será a criação de novos trajetos no Arco Norte. Um deles já está em processo de formação: a rota hidroviária entre Porto Velho e Santarém (PA) ou Itacoatiara (AM). A companhia quer incorporar à sua operação esse corredor, que já é utilizado por tradings de grãos.

Para isso, a empresa está preparando um terminal em Porto Velho. O empreendimento está em licenciamento ambiental, processo que deverá se estender até meados de 2023. Outra rota potencial está entre Juruti (PA) e São Luis, para o transporte de bauxita – porém, para esse trajeto, ainda não há nada concreto.

Além disso, na operação ao Sul, o executivo aponta um potencial de capturar carga de novas minerações que estão se instalando no Mato Grosso do Sul. “Hoje, a Vale reina sozinha, mas há outros projetos que, com a alta do preço do minério, começam a ficar mais viáveis”, diz.

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